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O Mestre Raimundo Irineu Serra não instituiu, ao contrário dos trabalhos elencados no artigo antecedente, trabalhos de cura coletivos com a participação aberta de todos, porém, atendimentos individuais ao enfermo ou enfermos realizados por uma Comissão específica previamente designada, em número ímpar de participantes (de três a nove contando com o/s enfermo/s), sempre nas quartas-feiras, exceto em caso de pronto socorro.


Desta forma, como de resto já disposto - repito, no artigo antecedente -, não estabeleceu essa variedade de trabalhos que vemos hoje em dia nos Centros que dizem segui-lo, tais como trabalhos de estrela, de mesa branca, de chamados, de Arrochim, de São Miguel, de mata, de seleções diversas de hinos, etc.


A princípio, vale registrar, qualquer trabalho de Daime já é, por si só, um trabalho de cura. Mas havendo necessidade, e sempre há, devem ser realizados esses atendimentos aos que assim procurarem.


Esses trabalhos ou atendimentos ou serviços de cura podem ser de farda azul ou à paisana, podem neles se cantar hinários, escutar hinários ou simplesmente concentrar-se, podem ser um ou mais, na residência do/s doente/s, na sede ou em outro lugar específico, pode-se tomar Daime uma vez ou mais, em tudo dependendo da orientação do presidente e da Comissão, que irão avaliar o caso ou os casos. Não se reza na abertura, rezam-se nove preces (nove Pai Nossos e nove Ave Marias intercalados) e a Salve Rainha no final do trabalho e encerra-se com o benzimento apenas.


O trabalho ou serviço de abrir mesa somente é realizado em situações excepcionais de obsessão, surto, extrema confusão mental ou espiritual. Este serviço se faz também com número ímpar de participantes, de três a nove contando com o/s enfermo/s, na quarta-feira ou em situação emergencial. Não há necessidade de uso de farda nem de tomar Daime. Não se reza no início. O dirigente do serviço procede à leitura de uma oração originariamente católica de exorcismo, que posso disponibilizar a pedido, com duração de cerca de 15 minutos. Todos ficam de pé, podendo o/s enfermo/s permanecer sentado ou até deitado conforme sua situação. Os participantes devem ter uma vela acesa na mão esquerda e uma cruz comum pequena em pé em cima da mesa diante de cada um. O/s enfermo/s deve ter a sua cruz colocada por sob a sua blusa em cima do peito, segurando sua vela se assim o puder, caso contrário sua vela fica na mesa. Quando acaba a leitura não se canta qualquer hino e imediatamente rezam-se nove preces, a Salve Rainha e procedem-se aos oferecimentos (em silêncio) e se benze, somente isso, não tendo nenhum tipo de encerramento. O responsável por este trabalho fala então ao/s enfermo/s se há necessidade de três, seis ou nove trabalhos (depois do primeiro trabalho feito). Havendo necessidade de três, deverão ser feitos nos dois dias imediatamente posteriores.


Missas apenas são realizadas de sétimo dia, de mês ou meses (até completar um ano) e de ano ou anos em memória de algum irmão falecido, nunca de corpo presente, de farda azul (com exceção da Missa pela Passagem do Mestre que é feita de farda branca) e rezando-se o terço no início. Nos velórios na sede se cantam hinários, sem baile, vivas, instrumentos musicais ou maracás e o Daime é servido para quem quiser. Durante o enterro cantam-se os hinos Flor das Águas ao Pisei na Terra Fria. As únicas missas oficializadas são a da Passagem do Mestre (antes do hinário) e a de Finados (depois do hinário). Não se toma Daime nas missas.

 


Santa Luzia, 27 de fevereiro de 2018.

 

Eduardo Gabrich